Atleta Wellnes no palco. Imagem criada por IA.

O que é a categoria Wellness no fisiculturismo?

Você já ouviu falar da categoria Wellness no fisiculturismo? Se você acompanha o mundo fitness ou já viu algumas competições, provavelmente se deparou com esse termo. Mas o que exatamente significa? Como funciona? E por que está fazendo tanto sucesso entre as mulheres?

A categoria Wellness é uma das mais recentes modalidades do fisiculturismo feminino e tem ganhado cada vez mais destaque. Ela foi criada para atletas que buscam um físico atlético, mas sem os extremos de outras categorias. É como se fosse o meio-termo perfeito entre diferentes estilos de competição.

Neste texto, você vai descobrir:

  • O que define a categoria Wellness e como ela surgiu no cenário do fisiculturismo
  • Quais são as principais características físicas que os juízes avaliam nas competições
  • As poses obrigatórias e critérios de julgamento que fazem toda a diferença no palco
  • As atletas brasileiras que são referência como Francielle Mattos, Angela Borges e Isa Pereira
  • Uma curiosidade interessante para você impressionar na mesa do bar

O que é a categoria Wellness no fisiculturismo?

A categoria Wellness é uma modalidade do fisiculturismo feminino que foi criada em 2005 pela IFBB do Rio de Janeiro. O nome “Wellness” vem do inglês e significa “bem-estar”, mas sua origem brasileira explica muito sobre suas características únicas.

Essa categoria nasceu da necessidade de criar um espaço para atletas que não se encaixavam perfeitamente nas outras modalidades existentes. É como se fosse uma ponte entre o Bikini Fitness (mais suave) e o Women’s Physique (mais musculoso).

O objetivo da Wellness é celebrar um físico feminino atlético, mas mantendo as curvas naturais da mulher. As atletas apresentam músculos bem definidos, especialmente nas pernas e glúteos, mas sem a extrema vascularização ou o volume muscular excessivo de outras categorias.

Características físicas da categoria Wellness

Na categoria Wellness, existem características específicas que definem o padrão ideal de físico. Essas características foram cuidadosamente estabelecidas para criar uma modalidade única no fisiculturismo feminino.

Desenvolvimento muscular equilibrado

Na categoria Wellness, o que mais chama atenção é o equilíbrio. As atletas precisam ter um desenvolvimento muscular harmonioso, onde nenhuma parte do corpo se destaca de forma desproporcional.

O foco principal está no trem inferior – pernas e glúteos bem desenvolvidos são essenciais. Mas atenção: não estamos falando de músculos enormes como no bodybuilding tradicional. É mais como uma atleta de crossfit ou uma velocista – músculos definidos, mas funcionais.

O trem superior também precisa estar em sintonia. Ombros arredondados, braços tonificados e um core bem definido completam o visual. A cintura deve ser estreita, criando aquela famosa silhueta em “X” que é tão valorizada.

Atleta Wellnes no palco. Imagem criada por IA.

Percentual de gordura ideal

O percentual de gordura corporal na Wellness fica numa faixa que permite ver a definição muscular sem perder completamente a feminilidade. Geralmente, as atletas competem com algo entre 8% e 12% de gordura corporal.

Para você ter uma ideia, esse é um percentual bem baixo – uma mulher sedentária costuma ter entre 20% e 25% de gordura. Mas não é tão extremo quanto outras categorias do fisiculturismo, onde as atletas chegam a 6% ou menos.

Poses obrigatórias e critérios de julgamento

As competições de Wellness seguem regras específicas que foram desenvolvidas para avaliar de forma justa todas as atletas. Conhecer essas regras é fundamental para entender como funciona o julgamento.

As três poses principais e a apresentação

Na categoria Wellness, existem três poses principais que todas as atletas devem executar durante os quartos de volta, além da caminhada para avaliação da densidade muscular. É importante que nada “balance” durante a movimentação – os juízes observam a firmeza e tonicidade do corpo.

O árbitro central ou diretor de palco da IFBB dirige as atletas pelos quartos de volta, primeiro em ordem numérica e depois na ordem inversa. Durante cada pose, as atletas devem ficar imóveis.

1. Pose de frente: A atleta fica com uma das mãos apoiada no quadril e uma perna levemente deslocada para o lado. É obrigatório fazer o deslocamento do peso – ficar sem essa movimentação é considerado incorreto e pode resultar em advertência ou até expulsão do palco.

2. Pose de lado (perfil esquerdo e direito): A atleta fica de perfil para os juízes, com a parte superior do corpo levemente voltada para eles. Uma mão fica apoiada no quadril, o braço oposto fica pressionado e levemente para trás, o quadril do lado dos juízes fica levemente levantado, e a perna mais próxima aos juízes tem o joelho flexionado com os dedos do pé apoiados no chão.

3. Pose de costas: A atleta fica de costas para os juízes, reta, sem inclinar o corpo para frente. Uma mão fica apoiada no quadril, uma perna levemente deslocada para o lado, e a segunda mão fica pendurada ao longo do corpo. É proibido virar a parte superior do corpo em direção aos juízes.

O que os juízes avaliam

Os critérios de julgamento na Wellness são bem específicos. Não é só sobre ter músculos – é sobre ter os músculos certos, no tamanho certo, com a definição certa.

Proporção e simetria: O físico precisa ser harmonioso. Se uma atleta tem pernas muito desenvolvidas, mas braços pequenos demais, isso será penalizado.

Qualidade muscular: Os músculos devem estar definidos, mas não “secos” demais. A pele precisa ter um aspecto saudável, sem a aparência “papel de seda” de outras categorias.

Condicionamento: Refere-se ao percentual de gordura e à definição muscular. Deve ser baixo o suficiente para mostrar os detalhes musculares, mas não tanto que comprometa a feminilidade.

Postura e apresentação: Como a atleta se apresenta no palco também conta. Confiança, elegância e uma boa execução das poses fazem diferença.

Wellness no Mr. Olympia

O Mr. Olympia é considerado o Super Bowl do fisiculturismo mundial. A categoria Wellness foi incluída no evento em 2021, mostrando como ela ganhou importância rapidamente no cenário internacional.

A primeira campeã Wellness no Mr. Olympia foi Francielle Mattos, atleta brasileira que colocou nosso país no mapa desta modalidade. Sua vitória foi histórica e mostrou ao mundo a qualidade das nossas competidoras.

O prêmio para a vencedora da categoria Wellness no Mr. Olympia gira em torno de 50 mil dólares, além do prestígio de ser considerada a melhor do mundo na categoria. Para se ter uma ideia da importância, o Mr. Olympia movimenta milhões de dólares e é transmitido para mais de 100 países.

Principais atletas brasileiras na categoria Wellness

O Brasil se tornou uma potência na categoria Wellness, com atletas que dominam os palcos internacionais. Nossas representantes são reconhecidas mundialmente pela qualidade técnica e dedicação ao esporte.

Francielle Mattos: a pioneira brasileira

Francielle Mattos é, sem dúvida, a atleta brasileira mais conhecida da categoria Wellness. Ela não só foi a primeira campeã Wellness no Mr. Olympia (2021), como também ajudou a popularizar a categoria no Brasil.

Nascida no Paraná, Francielle começou sua carreira no fisiculturismo relativamente tarde, aos 28 anos. Antes disso, trabalhava como professora de educação física. Sua trajetória mostra que nunca é tarde para começar no esporte.

O que mais impressiona em Francielle é a dedicação aos treinos de pernas. Ela é famosa por suas sessões intensas de agachamento e levantamento terra, exercícios que são a base do desenvolvimento dos glúteos e posterior de coxa. Por conta de seu físico, é chamada de Ferrari Humana.

Angela Borges: a consistência em pessoa

Angela Borges é outro grande nome brasileiro na categoria Wellness. Conhecida pela consistência em suas apresentações, ela sempre figura entre as primeiras colocadas nas competições internacionais.

Natural de Rio do Oeste, em Santa Catarina, Angela tem um físico que exemplifica perfeitamente o que a categoria Wellness busca: músculos definidos, proporções harmoniosas e uma apresentação impecável no palco.

Ela é especialmente reconhecida pelo desenvolvimento de seus glúteos e pela qualidade muscular. Angela consegue manter um condicionamento de alto nível durante todo o ano, o que é extremamente difícil no fisiculturismo. É a maior campeã de campeonatos profissionais da história da Wellness.

Isa Pereira: a nova promessa

Isa Pereira representa a nova geração de atletas Wellness no Brasil. Mais jovem que Francielle e Angela, ela traz uma abordagem moderna para a categoria, combinando técnicas tradicionais de treino com as mais recentes descobertas da ciência do exercício.

Natural do Rio de Janeiro, Isa começou no fitness ainda adolescente e rapidamente se destacou pela qualidade de seu físico. Ela é conhecida por seus treinos criativos e por compartilhar sua rotina nas redes sociais, inspirando milhares de seguidores.

Diferenças entre Wellness e outras categorias

Para entender melhor a Wellness, é importante compará-la com outras categorias do fisiculturismo feminino:

Wellness vs Bikini Fitness: O Bikini é mais suave, com menos desenvolvimento muscular. As atletas de Bikini têm um físico mais “fitness model”, enquanto a Wellness exige mais massa muscular, especialmente nas pernas.

Wellness vs Women’s Physique: O Women’s Physique é mais musculoso que a Wellness. As atletas dessa categoria têm maior desenvolvimento em braços, ombros e definição geral.

Wellness vs Bodybuilding feminino: O bodybuilding feminino é o mais extremo, com máximo desenvolvimento muscular possível. É quase o oposto da Wellness em termos de volume muscular.

Principais competições e oportunidades para atletas Wellness

O cenário competitivo da categoria Wellness oferece diversas oportunidades para as atletas, desde eventos nacionais até os mais prestigiosos campeonatos mundiais. O mais interessante é que hoje as brasileiras têm muito mais facilidade para alcançar os grandes palcos internacionais.

Arnold Classic: a segunda maior competição do mundo

O Arnold Classic, realizado em Ohio (Estados Unidos), é considerado a segunda competição mais importante do fisiculturismo mundial, perdendo apenas para o Mr. Olympia. O evento foi criado em homenagem a Arnold Schwarzenegger e acontece anualmente em Columbus.

Para as atletas de Wellness, o Arnold Classic representa uma excelente oportunidade de se destacar no cenário internacional. A competição oferece premiações em dinheiro significativas e, principalmente, muito prestígio no meio. Muitas atletas usam o Arnold como preparação para o Mr. Olympia ou como objetivo principal da temporada.

O formato da competição no Arnold segue os mesmos padrões internacionais da IFBB, com as três poses principais e os quartos de volta. A diferença está na qualidade técnica exigida – apenas as melhores atletas do mundo conseguem chegar às finais.

Musclecontest: a revolução brasileira

No Brasil, a Musclecontest se tornou a principal organizadora de competições de fisiculturismo e transformou completamente o cenário nacional. Essa mudança foi fundamental para o crescimento da categoria Wellness no país.

O mais impressionante é que hoje as atletas brasileiras sequer precisam sair do país para se classificar para o Mr. Olympia. As competições da Musclecontest oferecem vagas diretas para o maior evento do fisiculturismo mundial, algo que era impensável há alguns anos.

Isso significa que uma atleta pode competir em São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer outra cidade brasileira e garantir sua vaga para competir contra as melhores do mundo em Las Vegas. É uma revolução que democratizou o acesso ao mais alto nível do esporte.

O sistema de classificação atual

O sistema atual de classificação para grandes eventos internacionais é mais simples do que muitos imaginam, mas ao mesmo tempo bem restritivo:

  • Competições Pro: Para participar, basta ser profissional. Qualquer atleta com carta profissional da IFBB pode se inscrever em eventos pro ao redor do mundo
  • Arnold Classic: Funciona apenas por convite. A organização seleciona as atletas que considera mais relevantes para o evento, baseando-se em performance recente e potencial de público
  • Mr. Olympia: Só podem participar atletas que venceram algum campeonato profissional organizado pela IFBB. É o critério mais restritivo, mas que garante que apenas as melhores do mundo estejam no palco

Essa facilidade de acesso às competições pro criou uma competitividade muito maior. Antes, apenas atletas com recursos para viajar constantemente conseguiam se manter no circuito internacional. Hoje, o talento brasileiro pode ser reconhecido sem sair de casa, desde que consiga a vitória em uma competição profissional nacional.

O futuro da categoria Wellness

A categoria Wellness tem um futuro promissor. Ela preencheu uma lacuna importante no fisiculturismo feminino, oferecendo uma opção para atletas que buscam um físico atlético sem os extremos de outras modalidades.

No Brasil, a popularidade da categoria só cresce. Cada vez mais academias oferecem preparação específica para Wellness, e o número de atletas aumenta a cada competição.

Internacionalmente, a categoria também ganha espaço. Países como Estados Unidos, Canadá e vários países europeus já têm circuitos consolidados de competições Wellness.

Curiosidade para a mesa do bar

Aqui vai uma curiosidade interessante sobre a categoria Wellness: muita gente pensa que ela é recente, mas na verdade a categoria foi criada em 2005 pela IFBB do Rio de Janeiro – ou seja, nasceu aqui no Brasil!

A proposta original era criar uma modalidade que tivesse como base um físico semelhante ao que se entende como padrão de corpo da mulher brasileira. Por isso o foco no volume dos membros inferiores – as famosas curvas que são marca registrada da nossa cultura.

É interessante pensar que uma categoria que hoje domina os palcos internacionais, com atletas do mundo inteiro competindo, teve sua origem inspirada no biotipo feminino brasileiro. Quando você vê uma competição de Wellness no Mr. Olympia, está vendo um conceito que nasceu aqui no Rio de Janeiro há quase 20 anos.

Isso explica também por que as brasileiras se adaptaram tão bem à categoria – afinal, ela foi pensada tendo como referência exatamente o nosso padrão corporal!

Conclusão

A categoria Wellness representa uma evolução natural do fisiculturismo feminino. Ela oferece um caminho para atletas que buscam um físico atlético e definido, mas sem abrir mão da feminilidade e das curvas naturais.

Com atletas brasileiras como Francielle Mattos, Angela Borges e Isa Pereira brilhando nos palcos internacionais, a Wellness se estabeleceu como uma das categorias mais populares e competitivas do fisiculturismo atual. É um orgulho ver nossas representantes conquistando títulos mundiais e inspirando uma nova geração de atletas.

Se você tem interesse no mundo fitness ou está pensando em competir, a Wellness pode ser uma excelente opção. Ela combina o melhor de dois mundos: a dedicação e disciplina do fisiculturismo com um visual mais próximo do que a sociedade considera um “corpo ideal”.


Glossário

  • IFBB: Federação Internacional de Fisiculturismo, órgão que regulamenta as competições oficiais de fisiculturismo mundial.
  • Off-season: Período do ano em que as atletas não estão se preparando para competições, focando no ganho de massa muscular.
  • Condicionamento: Estado físico da atleta em relação ao percentual de gordura corporal e definição muscular.
  • Trem inferior: Conjunto de músculos da parte inferior do corpo (pernas, glúteos, panturrilhas).
  • Trem superior: Conjunto de músculos da parte superior do corpo (braços, ombros, peito, costas).
  • Vascularização: Aparência das veias visíveis através da pele, comum em baixos percentuais de gordura corporal.
  • Hip thrust: Exercício específico para desenvolvimento dos glúteos, executado com movimento de extensão do quadril.
  • Core: Região central do corpo que inclui músculos abdominais, lombares e do quadril.

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